Sobre esses tristes acontecimentos que vêm assolando a nossa cidade, o que me choca é a confirmação
da criminalidade nas mãos das crianças, mas ao mesmo tempo não me sinto refém do: “como pode?”.
Assisto a chegada de crianças no projeto,
algumas já tão anestesiadas pelo descaso e a violência física e moral desde tão
pequenas que, apesar do horror e crueldade desses acontecimentos, tudo isso parece
uma inevitável decorrência.
Essas crianças
não se reconhecem. “Sou o que dizem de mim”.
Se não sentem a
própria presença no mundo, como podem perceber e respeitar a presença do outro?
Vivem da
concretude de “ter” para tentarem “ser” através das coisas; e só das
coisas...celulares, bonés de grife, bicicletas...
Primeiro passo:
Tirá-las da
anestesia, torná-las sensíveis sobre si mesmas para em seguida perceberem o
mundo. O resto é progresso, crescimento pessoal e o desejo de ser.
No projeto não
há texto, discurso moral ou dogmas religiosos. É só arte. Mas não é a arte
resumida em descoberta de talentos ou em produtores do “belo”. É a arte que nos
acessa, que nos significa, que abre janelas para se ver, pensar, escutar...
A violência não
cabe nesse universo.
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