“Entrar em contato com a própria sensibilidade, reforça no homem a sua singularidade e seu potencial criativo frente ao mundo. Esse contato é sem dúvida fundamental para que se dê inicio a construção de sua identidade. Ao iniciar esse processo, o indivíduo acessa valores ligados ao respeito por ele mesmo, pelo outro e pelo meio ambiente a sua volta”.
H.R.
O principal objetivo do projeto, é promover a construção das identidades de nossos atendidos, para que, autoreconhecido, possam, entre outras conquistas, fazer escolhas em suas vidas.
Muitos projetos sociais ressaltam a importância da construção da cidadania como forma de promoção da inclusão social. O projeto “Eu sou” também valoriza essa conquista, mas enxerga a importância de se promover a construção da identidade como iniciativa anterior à cidadania. Acreditamos que um indivíduo não se constitui como cidadão, sem antes se enxergar como pessoa.
Ao entrarem em contato com a própria sensibilidade, veiculada em nosso caso pelas atividades artísticas, crianças e jovens do projeto, têm a oportunidade de confirmar a sua singularidade e reforçar seu potencial frente ao mundo.
Para intensificar esse processo de conquistas auto-identificadoras, foram desenvolvidas propostas artísticas específicas, que têm como objetivo, facilitar esse processo.
Além do constante trabalho de valorização de tudo que se apresenta legítimo em nossos alunos, durante as aulas os orientadores atuam como facilitadores e observadores dos processos que acompanham.
Durante as supervisões semanais, as ocorrências e casos mais representativos são debatidos com a equipe. Nessas supervisões são observadas as possíveis formas simbólicas presentes nos resultados apresentados e a melhor forma para se lidar com toda a linguagen que a arte faz emergir. Alguns significados, podem colaborar muito na qualidade do trabalho dos profissionais e assim agilizar o principal objetivo do projeto que é a construção das identidades de nossas crianças.
Critérios seletivos como: “procura de talentos” ou “ produção de obras de arte”, não são adotados pela equipe. São na verdade, especialmente valorizados, os processos e resultados que se configurem genuínos, considerando o momento e as condições de cada aluno individualmente. A característica democrática e não competitiva da arte, faz dela uma importante ferramenta de inclusão, especialmente quando trazem à tona as diferenças pessoais.
Em geral, as crianças e jovens que atendemos, apresentam níveis de desenvolvimento cognitivo muito diferentes, mesmo em grupos com a mesma faixa etária. A arte nesses casos cumpre um papel que por um certo aspecto se transforma no elemento unificador frente a essas aparentes desigualdades e que, quando percebidas dentro do ensino formal, tendem a se tornar tão discriminadoras.
Como a arte não necessita de família, religião ou alfabetização para se desenvolver plenamente nos indivíduos, é com a falta de um ou de todos esses fatores que desempenhamos nosso trabalho.
No decorrer do projeto, percebem-se importantes mudanças no comportamento de grande parte de nossos atendidos. Além de provocar um processo contínuo de auto conhecimento, o exercício da arte mostra a existência de outros ângulos de visão sobre as mais variadas ocorrências na vida dessas crianças e jovens, além do consequente crescimento da auto-estima.
Os resultados de nosso trabalho têm se estendido além de nossos alunos. Alguns pais têm percebido mudanças comportamentais bastante positivas em seus filhos, como por exemplo, um maior interesse pela escola, uma melhor relação com a família ou o que é mais importante: uma melhor relação do aluno com ele mesmo.
